terça-feira, 13 de julho de 2010

O lado B do rock n' roll

Elvis Presley, Beatles, Led Zeppelin, Slayer, Iron Maiden, Rolling Stones, Ramones...Poderia ficar aqui citando mais milhões de bandas consagradas para ilustrar mais um dia mundial do rock. Mas acho que muita gente já fez isso hoje, e não há mais muito o que dizer sobre elas.

Por isso, vou lembrar das bandas indepedentes, de bandas que estão começando. Essas sim representam a grande excência do rock n' roll. Sim, porque é lógico que temos que respeitar as super bandas, consagradas, caras que ralaram para chegar aonde estão. Mas bem mais perto de nós, em cada garagem ou estúdio apertado que você passa, tem uma galera ralando para buscar o seu espaço.

Temos que valorizar e prestigiar a banda que viaja kilômetros de ônibus, van, passando de cidade em cidade com a grana contada fazendo show para dez, quinze, vinte pessoas. Tive um exemplo claro disso há uns meses atrás. A banda Calistoga, de Natal - RN, (ótima por sinal), fez um show em Bragança Paulista, numa quinta-feira super gelada. Na platéia não tinha mais que vinte pessoas, mas mesmo assim os caras tocaram com uma puta energia e disposição e fizeram um baita show. Ainda trocaram uma idéia com a galera depois, e me disseram que estavam felizes de ver que numa cidade tão longe da terra deles tinha gente interessada no seu som.

Hoje li um tweet do F.Nick, vocalista do Fistt, e por isso resolvi escrever sobre isso. Ele disse: "gosto de várias bandas gringas, mas hj é dia de redenção a bandas que tocaram a vida toda pra 50 pessoas e influenciaram esses 50."

Isso é uma grande verdade, vamos abrir uma cerveja e fazer um brinde a todas elas.

Foto por: Francine Romagnoli

domingo, 18 de abril de 2010

Social Distortion em São Paulo


Depois de quase três decadas, o Social Distortion colocou fim à espera dos fãs brasileiros. Pela primeira vez em turnê por aqui, Mike Ness (único integrante da formação original) e sua banda tocaram na Via Funchal no último dia 17/04, emocionando e levando à loucura um público de quase 5 mil pessoas.

Formado em 1978 na Califórnia, o Social Distortion é uma das poucas bandas que conseguem atrair públicos tão diferentes. Estavam no show punks, rockers e rockabillies. A abertura ficou por conta dos argentinos do All the Hats, que já tocaram em terras brasileiras com o Nitrominds. Às 22:20, o Social Distortion começa seu show, com a instrumental Road Zombie, seguida por Under my Thumb e Bye bye baby.

Na sequência, o primeiro ponto alto do show, com Don´t Drag me Down e Bad Luck, que a platéia cantou junto do começo ao fim. O repertório foi um passeio por todos os álbuns dos caras, mesclando clássicos como Ball and Chain e Sick Boys com sons do cd mais recente (Sex, Love and Rock n Roll) como Reach for the Sky e Nickels and Dimes.

Depois da primeira pausa, a banda voltou com Making Believe e Cold Feelings. Mais uma pausa, e , para encerrar da melhor maneira possível, a lindíssima Prision Bound seguida por Ring of Fire (que ficou famosa na voz de Johnny Cash). Esta última, inclusive, foi coisa de outro mundo, sem dúvida o ponto mais alto do show, tamanha a troca de energia entre público e banda.

Além da empolgação natural dos fãs, Mike Ness e companhia se mostraram igualmente animados por estarem tocando pela primeira vez no país. Mike puxou algumas pessoas para o palco (inclusive um menino de 11 anos, que já tem história para contar para os netos), fez brincadeiras e se mostrou contente com a resposta do público. Aliás, o tempo parece não ter passado para ele, sua voz continua potente e ele continua cheio de energia.

Enfim, uma noite histórica para os fãs do Social Distortion. Claro que alguns clássicos ficaram fora do repertório, muita gente reclamou da ausência de Story of My Life e de Highway 101 (essa funciona muito bem ao vivo, foi sem dúvida uma pena). Mas é impossível incluir todas no respertório. No final, sempre fica um gostinho de quero mais; Mike Ness prometeu voltar, tomara que seja o mais rápido possível.

A letra de Reach for the sky diz que o "amanhã pode nem chegar", se isso acontecer, quem estava no Via Funchal nesse 17 de abril de 2010 não vai se importar; eles já viram Social Distortion ao vivo.

Para ver (e ouvir) o Social Distortion tocando Sick Boy no show em São Paulo, basta clicar AQUI!

Foto: Stephan Solon / Via Funchal

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Nirvana esquecido


É impossível falar de Nirvana sem ser repetitivo. Símbolo do grunge, influenciou várias bandas que vieram depois deles. Falar de Kurt Cobain é igualmente repetitivo; atormentado, genial, era (é) figura fácil nos pôsteres que cobriam as paredes dos quartos de qualquer um que foi adolescente nos anos 90.

Cobain se matou em 94, no auge da banda, deixando órfãos milhões de fãs. O Nirvana já estava na história, e os dois integrantes remanescentes, Dave Grohl e Krist Novoselic, nem cogitaram a possibilidade de seguir com a banda sem o guitarrista/vocalista. Resolveram então, cada um seguir seu caminho. Dave montou o Foo Fighters e o resultado está ai para todos verem; é uma das bandas mais respeitadas e elogiadas atualmente.

Mas e Krist? Que fim levou o baixista grandão e desengonçado que fundou o Nirvana junto com Kurt Cobain (Grohl só entrou alguns anos mais tarde). Filho de imigrantes croatas, ele se mudou para os EUA com três anos. Conheceu Cobain através de seu irmão, e começaram a tocar juntos. O resto é história.

Depois do fim do Nirvana, Krist ficou abaldo pela perda do parceiro de quase 15 anos. Ser ecolheu um pouco, ficou longe dos holofotes. Depois, tocou alguns projetos (Sweet 75, Eyes Adrift, Flipper), mas nenhum que tenha tido muito destaque nem que chegasse perto do sucesso que Dave Grohl conseguiu com o Foo Fighters. Além da música, Novoselic também se envolveu com política. Montou um comitê de músicos em 1995 para defender os interesses da indústria musical e se filiou ao partido democrata americano.

Atualmente Krist faz algumas participações como baixista da banda Flipper e vez ou outra surgem rumores sobre um suposto álbum solo. Quando se fala de Nirvana, é mais comum lembrar de Kurt Cobain ou de Dave Grohl. Novoselic é o patinho feio do trio, mesmo tendo sido um dos fundadores. Para alguns, sempre faltou carisma a ele, para outros ele só fazia o "feijão com arroz" na banda e as estrelas eram de fato Kurt e Grohl.

De qualquer maneira, Krist Novoselic tocou numa das bandas mais importantes da história do rock e fez parte de um movimento importante e inovador como o grunge. Já tem histórias de sobra para contar para os netos.

Nota do blogueiro: Por um desses motivos inexplicáveis, todos os player´s de vídeos que eu tento postar aqui desalinham o layout. Então, para assistir Nirvana tocando Breed ao vivo, basta clicar aqui.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Novidades

Vamos ao que interessa.

O que as pessoas normalmente sabem sobre Bragança Paulista: fica a 80 km de São Paulo, cerca de 150 mil habitantes, típica cidade do interior paulista, povo até certo ponto pacato, praça central, tem uma festa agropecuária relativamente famosa...

O que talvez poucas pessoas saibam é que a cidade conta com uma considerável agenda de shows e movimentos/eventos culturais. Claro, não é nada tão estruturado como poderia ser, sempre dá para melhorar e é isso o que algumas pessoas vem tentando fazer há alguns anos.

Quem é da cidade ou da região e quiser uma alternativa à mesmice que normalmente predomina no interior, é só ficar de olho no NovaVitrola, ou no blog do Edith Cultura.

_________________________________________________________________

O próximo show acontece no dia 18/03, quinta-feira, no Taberna Dharma Rock Bar. Jersey Killer, da argentina, e a banda local Zomber. A entrada é R$ 7,00.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Discos que mudaram minha vida


O NovaVitrola estréia hoje essa nova seção, sobre discos que mudaram a vida do blogueiro, ou, pelo menos, sua percepção sobre música.

Para começar, nada melhor do que esse There is nothing left to lose, do Foo Fighters. O ano era 1999, o nu (ou new) metal começava a virar a febre. Bandas como Limp Bizkit, Korn e Slipknot, todas formadas na metade dos anos 90, começaram a ganhar destaque.

No meio disso tudo estava Dave Grohl e o seu Foo Fighters. Naquela época, o FF já tinha lançado dois trabalhos (Foo Fighters e The Colour and the shape),que, embora elogiados pela crítica e trazendo algumas faixas que se tornariam hits (como Big Me, My Hero e Everlong), ainda não tinham sido capazes de alça-los à condição de super banda que eles têm hoje.

É bem verdade que Dave Grohl ainda era tratado por parte da imprensa como "o ex-baterista do Nirvana", estigma que ele sempre lutou para deixar pra trás, e conseguiu, com méritos, conforme já foi escrito por aqui antes.

There is nothing left to lose foi o divisor de águas nesse sentido para os caras. O cd é bom da primeira até a última faixa e trouxe uma porrada de hits: Learn to Fly, Stacked Actors, Breakout, Generator, Next Year. Isso sem mencionar músicas menos conhecidas, mas que figuram fácil entre os grandes momentos da banda, como Headwires e Ain it the life.

Eu tinha 13 anos na época e dava meus primeiros passos ouvindo rock n roll. Naquela época, sem internet, começar a ouvir rock significava começar pelas bandas clássicas e mais conhecidas, Iron, AC/DC, Guns n Roses, Stone Temple Pilots e... Nirvana, claro. Eu conhecia pouco de Foo Fighters, só sabia que era a outra banda do ex-baterista do Nirvana e tinha ouvido o segundo cd na casa de um amigo e gostado.

There is nothing left to lose me fez pirar, foi um dos cd´s que mais ouvi na vida, ouço bastante até hoje. Dave Grohl foi na contramão naquela época, pois a tendência já era o tal do nu metal, como citado acima. E acertou em cheio. Em 2001 eles tocaram no Rock in Rio 3, para um público pequeno se levarmos em conta a dimensão que a banda tem hoje.

Eu fiquei acordado naquela madrugada para gravar os melhores momentos do show deles na Globo (eu não tinha tv a cabo). Lembro de ficar frustrado porque passaram apenas Stacked Actors, e de bandas como Slipknot e Guns n' Roses mostraram quase o show todo. A Ilustrada fez uma matéria de capa com o FF no dia do show, dizendo que era uma banda promissora, que estava crescendo e que com certeza ia longe, além de elogiar Grohl dizendo tratar-se de um cara talentoso que não tinha medo de arriscar. Acertaram.

Ainda hoje me vejo pensando longe quando ouço Next Year ou Aurora, e tenho vontade de quebrar tudo quando ouço Generator. No fundo talvez eu ainda seja aquele moleque de 13 anos.




domingo, 7 de fevereiro de 2010

Vitrola no Talo - Against Me


O Vitrola no Talo está de volta, agora em novo dia. Todo domingo a noite um post indicando uma banda para os 6 ou 7 leitores deste blog. Para retomar, uma banda que há tempos fiquei de indicar por aqui, o Against Me.

Formado na Flórida, em 1997, não é uma banda tão conhecida no Brasil. Talvez porque os caras façam um som menos comercial, ou, em outras palavras, um som que não é tão fácil de ouvir. Isso não quer dizer que seja ruim, pelo contrário, o Against Me faz um som peculiar, pesado, as vezes propositalmente tosco. Nos primeiros trabalhos, muitasmúsicas chegavam a soar psicodélicas. O último trabalho está bem mais "normal', ou seja, mais melódico, sem infinitas microfonias ou imitações de Axl Rose.

Se você está cansados dos Cine´s e Tokyo Hotel´s da vida, quer algo diferente, não deixe de ouvir Against Me. Abaixo, Cliche Guevara, um dos hits dos caras.

Integrantes:
Tom Gabel– guitar, lead vocals
James Bowman – guitar, vocals
Andrew Seward – bass, vocals
Warren Oakes – drums

Discografia:
Reinventing Axl Rose (2002)
As the Eternal Cowboy (2003)
Searching for a Former Clarity (2005)
New Wave (2007)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Toda ação....

...gera uma reação. As recentes tragédias causadas pelas chuvas no sul e sudeste do país vêm causando grande comoção. Óbvio que é triste ver desabrigados, gente que trabalhou a vida toda por uma casa própria ver tudo desabar em questão de minutos, gente que não tem pra aonde ir. Não consigo e nem ousaria imaginar a dor e angústia que essas pessoas estão sentindo.

Mas nessa história toda nós não somos apenas as vítimas. E falo de uma maneira geral. Se o rio Tietê sobe rápido demais quando chove é porque ele está poluído ao extremo. Por que muita gente joga lixo na rua como se fosse a coisa mais normal do mundo,. Pessoas jogam até móveis no Tietê, sofás, guarda-roupas, sem contar a quantidade absurda de lixo e a falta de tratamento do esgoto, jogado lá aos montes todos os dias. Quem mora em São Paulo sabe as coisas bizarras que o Tietê traz quando transborda.

Aqui no interior vários condomínios de luxo estão ameaçados ou já cheios d'água. Mas isso porque alguns deles não deveriam estar construídos onde estão. Ai vem alguém e fala "mas não há Lei que proiba isso" ou "o condomínio tal não está ilegal". Ok, mas existe uma coisa chamada bom senso, que o homem, na sua ganância diária de querer ganhar e lucrar com tudo, acabou esquecendo. Se você constrói um condomínio, uma casa, uma cabana que seja num local ribeirinho, ainda mais com rios e córregos poluídos como os nossos, você tem que estar ciente que numa chuva forte a água pode subir e invadir sua propriedade.

Isso sem mencionar que muitas construções são feitas em locais de preservação ou em locais de risco, mas o homem prefere não enxergar. Lógico que existem pessoas que constroem e moram em locais de risco por falta de opção, pois foram esquecidas pela total falta de preparo do poder público. Mas falta fiscalização das prefeituras e dos responsáveis para evitar esse tipo de coisa. Os deslizamentos de terra em Angra dos Reis, na virada do ano, fizeram com que a imprensa trouxesse à tona o decreto nº 41.921 do estado do Rio de Janeiro, que autorizava construções em áreas de preservação ambiental em Angra e outras regiões do Estado.

Segundo alguns veículos, o decreto teria sido feito para beneficiar algumas pessoas, entre elas celebridades, como o apresentador Luciano Huck (tanto que o decreto ficou conhecido como "Lei Huck" (ou Lei Luciano Huck). Mas o decreto é de junho de 2009, e a história só veio à tona depois da tragédia. Nesse ponto, a imprensa deveria investigar antes os critérios para a liberação desse tipo de construção. Apenas criticar depois do fato, jogar a culpa nas chuvas frequentes e na irregularidade das casas é fácil. É a mesma coisa do cara que joga lixo no Tietê ficar indignado quando vê as notícias e os desabrigados das enchentes.

Não adianta se comover, se indignar , se você não faz a sua parte também. Já basta o despreparo e a falta de interesse do poder público, do estado, dos governadores, presidentes, prefeitos. Temos sim que cobrar deles, mas também temos que estar ciente dos nossos papéis. É só ligar nos telejornais: 'inverno na Europa é o pior em 40 anos", "nevasca na China deixa tantos mortos", "pesquisa mostra que a terra está mais quente", "enchentes castigam São Paulo". O homem não olha as suas atitudes, não vê as consequências que elas podem causar (ou vê, mas as ignora), apenas lamenta depois que o estrago já foi feito.

E não adianta o homem achar que vai expandir sua ganância sem limites para todos os cantos passando por cima de leis, do bom senso ou do que quer que seja. A natureza vai vir cobrar.

"Toda Ação tem uma reação, nós temos um planeta, uma chance - Rise Against - Ready to Fall



domingo, 24 de janeiro de 2010

O Fim do Scorpions


Notícia (triste) de hoje no UOL. O Scorpions, banda com 40 anos de estrada, anunciou o seu fim. Formada na Alemanha Ocidental em 1965, é uma das poucas grandes bandas de sua geração que surgiram fora do eixo EUA-Inglaterra.

Hoje bastante conhecido no mundo todo, o Scorpions demorou a ganhar destaque nos Estados Unidos, coisa que só foi acontecer em 1984 com o disco Love at the first Sting, que traz os clássicos Still Loving You e Rock You Like a Hurricane. Em 1985, eles tocaram por aqui no primeiro Rock in Rio.

Em 1988 lançam o álbum Savage Amusemen, com letras mais contestadoras, posição que manteram no álbum seguinte, Crazy World, de 1990, que trouxe outro hit, Wind of Change. Foi o Scorpions a primeira banda ocidental a se apresentar na antiga União Soviética e também a primeira a tocar na Rússia depois da queda da mesma.

O motivo do fim, segundo a banda, é a idade avançada dos integrantes (a maioria já acima da casa dos 60 anos). "-"Queremos sair de forma digna" - disse o guitarrista Rudolf Schenker, de 61 anos. Eles estão preparando um álbum derradeiro, Sting in the tail, que será lançado em 19 de março deste ano, bem como uma turnê de despedida. "A ideia é encerrar nossa carreira com um álbum de forte impacto e uma turnê espetacular" - declarou o vocalista Klaus Meine.

O Scorpions deixa hits e bons álbuns. De qualquer forma, tudo na vida tem um fim. Algumas bandas se recusam a ver e compreender que o tempo passa para todas. É patético ver algumas bandas tocando músicas e tomando certas atitudes que já não condizem mais com a sua realidade. Uma banda tem que saber envelhecer, reciclar o seu som se necessário. Se isso não for possível, o melhor caminho é mesmo terminar, para não manchar uma rica carreira.

Still Loving You, clássico dos clássicos do Scorpions.




terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Não vingou


Quando foi lançado, os produtores de Lula, o filho do Brasil, filme baseado na trajetória do nosso presidente, calcularam que o filme seria visto por 5 milhões de pessoas. Algumas semanas depois de sua estréia, os números estão bem abaixo do que esses imaginados inicialmente. E continuam caindo, conforme mostrou o jornal O Globo do último domingo, em matéria assinada por Rodrigo Fonseca e Tatiana Farah.

Segundo a matéria, o filme dirigido por Fábio Barreto não chegará a 800 mil pagantes, apenas 16% dos 5 milhões previstos. Ainda não assiti o longa para analisa-lo, mas é nítido que o status de "propaganda política" que o filme ganhou foi prejudicial demais. Foi um erro lança-lo em ano eleitoral, ainda mais em Brasília. Se a intenção era fazer um filme "família", todos esses fatores acabaram ligando-o a política, o que pode ter afastado parte do público.

Os produtores tomaram alguns cuidados para não passar essa imagem. Não citaram, por exemplo, nomes de partidos políticos (nem do PT), mas ao que parece foi inútil. Parte da imprensa e da oposição levantaram suspeitas sobre as reais intenções do projeto, e sobre as empresas que investiram nele. Some-se a isso o fato de o filme ter estreado praticamente junto com Avatar (mega sucesso de público) e Sherlock Holmes e pronto, inevitavelmente estava comprometida a bilheteria de Lula, o filho do Brasil.

Mas o que realmente pesou, ao que parece, foi mesmo a questão política. Repito, não vi o filme, não sei até que ponto ele é capaz de influenciar ou não as pessoas e, sinceramente, não acredito que um filme seja suficiente ou determinante para Lula fazer o seu sucessor. Mas não dá pra negar que a proximidade das eleições e todas as suspeitas levantadas contribuíram para passar sim essa imagem.

Independente disso, abre-se outra discussão: será que essa desconfiança e afastamento do público indicam que o brasileiro está mais crítico, mais esperto, questionando mais e se deixando manipular de menos? Quem sabe, tomara que sim. É isso que temos que fazer, principalmente em ano de eleição: questionar e desconfiar.

Ouvindo: Carbona - Lunático

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Rock in Rio 1985 - 25 anos


Ontem, dia 11 de janeiro, a primeira edição do Rock in Rio completou 25 anos. Durante os dias 11 e 20 de janeiro de 1985 reuniu 1,38 milhão de pessoas na Cidade do Rock, construída em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na época, raramente as grandes bandas de rock tocavam por aqui. Se nos últimos anos temos assistido a vários grandes shows internacionais em terras brasileiras, podemos dizer que o primeiro Rock in Rio abriu portas para que isso viesse a acontecer.

A idéia foi de Roberto Medina, empresário de comunicação. O plano era ambicioso, já que o Brasil não tinha tradição em receber/organizar shows desse porte. Mas se mostrou um tremendo acerto, sendo sucesso de público. Tocaram no primeiro Rock in Rio bandas como Iron Maiden, AC/DC, Whitesnake, Rod Stewart, Paralamas do Sucesso, Queen, Ozzy, Scorpions entre outros.

Foi sem dúvida um marco, que colocou o Brasil na rota das maiores bandas de rock. Aconteceram outras edições depois, o Rock in Rio II rolou no estádio do Maracanã, e o Rock in Rio III, novamente na antiga cidade do rock. A partir daí, o festival perdeu a identidade. Em 2004, 2006 e 2008 , mesmo com o pré nome de Rock in Rio , ele aconteceu em Lisboa (???), sob o nome de Rock in Rio Lisboa (???), já com atrações que não condizem com o nome nem com a idéia inicial do projeto (como Ivete Sangalo, Alejandro Sanz, Shakira...). Teve até um Rock-in-Rio-Lisboa-Madrid não sei ao certo em que ano.

Enfim, mesmo as edições "genéricas" do novo milênio tiveram, além das bizarrices ai citadas, boas atrações (Kasabian, Kings of Leon, Chris Cornell). Com certeza também tiveram suas qualidades, shows bons, mas não têm mais nenhuma ligação com aquele primeiro Rock in Rio. Como dizem, rock não é apenas música, entretenimento. Rock n' Roll implica em envolvimento social, em idéias que vão além de apenas acordes e riffs. E essa idéia se perdeu com o passar dos anos, o que faz com que o primeiro Rock in Rio seja visto como único.

AC/DC, Bad Boy Boogie, quebrando tudo por aqui em 1985:

Ouvindo: Iron Maiden - Be Quick or Be Dead

Imagem: Queen no Rock in Rio em 1985.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Cheiro de mofo - parte 02

Sou um cara nostálgico por natureza. Já falei aqui dos bons e velhos cd's, de coisas que faziam sucesso há 40, 50 anos atrás, de lembranças de infância. Acho legal voltar um pouco ao passado, te ajuda a lembrar quem você é, o caminho que fez pra chegar até aqui. Hoje achei mais coisas antigas aqui. Minha coleção de fitas VHS! Por morar no interior, pra mim sempre foi difícil conseguir shows em VHS,principalmente de bandas. Lembro de passar a madrugada acordado para gravar o Rock in Rio de 2001.

Hoje a internet facilitou demais nesse ponto, youtube, downloads, enfim, prato cheio pra quem gosta de música. Mas perdeu aquele gosto de vitória de quando você batalhava para conseguir um VHS daquela banda ou filme que você gostava. O cheiro de novo, a satisfação de mostrar pros amigos, reunir a galera pra assistir. Sem dúvida era bem mais prazeroso do que mandar o link por msn. De qualquer maneira, segue duas das que mais assisti na vida.



Iron Maiden, live in Donington 92. Ganhei essa em 1999. Nessa época ouvia muito hard rock e muito heavy metal. É uma das minhas preferidas até hoje, sem dúvida.


Essa é clássica, quem cresceu nos anos 90 como eu com certeza jogou demais Mortal Kombat nos consoles de 16 bits (leia-se Super Nintendo e Mega-Drive). Quando o filme saiu, a molecada (inclusive esse que vos bloga) pirou, claro. Depois surgiram milhões de continuações, todas ruins. Mas o primeiro filme, esse aí, é bom e bem fiel ao enredo do jogo. Essa VHS veio numa edição especial da revista Ação Games (acho que essa revista nem existe mais).

Cansei de ficar horas rebobinando fitas, voltando ou acelerando pra ir direto naquela parte que queria ver. Já perdi muita fita porque ela enroscou no vídeo. Bons tempos, quem sabe as fitas VHS, a exemplo do que acontece hj com os vinis não voltam a ser tendência um dia?

Ao som de: Social Distortion - Winners and Losers.



sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Downey Jr. Reloaded


Em 2008, pouco antes do lançamento de Homem de Ferro (Iron Man), comecei a escrever um texto sobre Robert Downey Jr., o escolhido para viver no filme o personagem Tony Stark, um dos mais interessantes dos quadrinhos. O texto não vingou, não lembro porque, talvez pelo motivo de eu estar finalizando a faculdade de jornalismo, cheio de coisas pra fazer.O filme dirigido por Jon Favreau acabou sendo um sucesso e foi aclamado pela crítica, assim como a atuação de Downey Jr., e eu perdi uma boa oportunidade de escrever sobre ele antes que isso acontecesse.

Alguns anos antes do lançamento de Homem de Ferro, Downey Jr. vivia uma fase conturbada. Entre um filme e outro, sempre era preso ou detido por posse de drogas ou outros delitos menores. Muita gente achava que ele estava acabado, o que seria uma pena, pois Robert é um dos mais talentosos de sua geração. O ator que espantou a crítica e foi indicado ao Oscar por sua atuação como Charles Chaplin no filme Chaplin, do diretor Richard Attenborough, estava jogando seu talento no lixo.

Pois em 2002 sua carreira começava a entrar nos eixos novamente. Downey Jr. foi elogiado por papéis em filmes como Boa Noite Boa Sorte (Good Night, Good Lucky). Mas foi em 2007 que ele começou a se reerguer de fato, quando ganhou o papel do jornalista Paul Avery no filme Zodíaco (Zodiac), do mestre David Fincher. Ali Robert mostrou que estava livre dos vícios e problemas e que ainda era aquele grande ator dos anos 90. No ano seguinte,deu definitivamente a volta por cima com O Homem de Ferro e emplacou outras duas ótimas e elogiadas atuações: na comédia Trovão Tropical (Tropic Thunder), onde atuou ao lado de Jack Black e Ben Stiller e no drama O Solista (The Soloist), onde contracena com Jamie Foxx.

Pois agora, Downey Jr. me da a chance de me redimir. Estréia hoje no Brasil Sherlock Holmes, dirigido por Guy Richie e que tem no elenco, além de Robert no papel principal, Jude Law como Watson, o eterno assistente de Sherlock. Sua atuação tem sido novamente elogiada pela crítica, e pelo pouco que vi em trailers e vídeos promocionais, ele deve roubar a cena de novo.

Filho de Robert Downey, um diretor de filmes B, Downey Jr. é uma figura politicamente incorreta, e isso é legal. O mundo está cheio de bonzinhos, aqueles caras que gostam de tudo e de todos e que falam como um daqueles padres cantores. Robert é um cara autêntico, fala o que pensa.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Scott Weiland: Happy in Galoshes


Dez anos depois de lançar 12 Bar Blues, Scott Weiland (ex-Velvet Revolver e Stone Temple Pilots) soltou nas prateleiras no final de 2008 Happy in Galoshes, seu segundo trabalho solo.

Weiland sempre foi uma figura polêmica. Na década de 90, no começo da carreira com o Stone Temple Pilots, ele frequentemente abusava das drogas, foi preso mais de uma vez, até a banda decidir se separar em 2003. Nesse mesmo ano, Scott se juntou aos ex-gunners Matt Sorum, Slash e Duff Mckagan para formar o Velvet Revolver, de onde saiu em 2008, depois de dois discos lançados, trocando farpas com alguns integrantes. Acabou voltando ao STP, saindo em turnê com seus velhos companheiros.

Happy in Galoshes foi gravado nessa fase de transição, na mesma época em que Weiland enfrentava adversidades na sua vida pessoal; o fim de um casamento de quase uma década e a perda de um irmão.

Assim como aconteceu quando lançou 12 Bar Blues, Scott foi criticado por "experimentar" demais em Happy in Galoshes. Mas o resultado é bom, um disco um tanto quanto sombrio, mas bom e bem menos experimental do que 12 Bar Blues. Algumas músicas são verdadeiras viagens, baladas eletrônicas (Fame, cover de David Bowie), melancólicas (Crash), algumas mais agitadas (Tangle with your mind).

O texto é datado, eu sei, mas merecia esse registro aqui. Happy in Galoshes é um disco que gruda, diferente, com identidade. Ele começa bem, com Missing Cleveland, mantém o ritmo até a quinta faixa, que é a psicodélica She Sold Her System, cai um pouco depois e só retoma o fôlego incial com Crash.

Mesmo assim, é um cd que se sustenta legal do início ao fim. O próprio Weiland produziu, com a ajuda de Doug Green, que já trabalhou com o Stone Temple Pilots; participaram da gravação ainda os músicos Tony Kanal, Tom Dumont e Adrian Young, todos do No Doubt.

No video, Tangle With Your Mind, destaque do cd, na opinião da NovaVitrola.

Nota do blogueiro: A intenção era colocar o videoclip de Tangle of your mind, mas por razões e filha da putice desconhecidas, o player desse vídeo estava desalinhando o layout, então, tive que colocar apenas o áudio mesmo. Mas, se você quiser ver o clip, e vale muito a pena vr, é só clicar AQUI!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quando é triste dar a notícia


Todos devem estar acompanhando a tragédia que aconteceu em Agudos - RS, onde 300 metros de uma ponte desabou por causa da cheia do rio Jacuí. O repórter da rádio Agudo AM, Márcio Nunes, se preparava para dar um boletim sobre as chuvas que estavam castigando o município no exato momento em que parte da ponte veio abaixo.

Márcio viu as pessoas sendo levadas pela correnteza e tentando se agarrar às árvores. Ainda atordoado pela cena horrível que estava diante dos seus olhos, ele chorou durante seu relato para a rádio. Difícil para um jornalista presenciar uma tragédia desse porte, de mãos atadas e ainda ter que dar a informação ali, quase que em tempo real. Nem ele mesmo sabia a dimensão da tragédia na hora, imagine ver uma ponte caindo na sua frente e entrar ao vivo bem no momento. Ao jornal Zero Hora, Márcio disse: "— Fiquei muito emocionado. Ao mesmo tempo que eu tinha que relatar, sentia que devia ajudar as pessoas. Minha vontade era de pular na água."

O áudio do relato de Márcio Nunes para a rádio Agudo AM passou em alguns jornais agora a noite. Se alguém não viu, o jornal Zero Hora disponibilizou no seu site, basta clicar aqui.

foto: Ponte antes (Google Maps) e depois do desabamento (Lauro Alves/RBS)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Outro lado da moeda

O post anterior mostrou uma visão meio pessimista do rock contemporâneo. Nele, me referi às bandas que tem mais espaço na mídia e acabam não aproveitando-o, fazendo música enlatada, sem uma característica própria. Mas é claro que há bandas boas por ai, e hoje, para não parecer que o blogueiro é um mal humorado da vida, ai vão algumas breves dicas de bandas boas:

Terminal Guadalupe:

Esses caras de Curitiba fazem um som que remete às bandas dos anos 80, com uma sonoridade bastante melódica e letras de cunho político e bastante inteligentes. Já escrevi sobre os caras aqui mesmo no NovaVitrola. No vídeo, clip da música Pernambuco Chorou, do cd A Marcha dos Invisíveis.



Danko Jones

Diretamente do Canadá, o Danko Jones faz um som pesado, difícil definir. As vezes soa punk rock, as vezes mais hard rock. Mas é porrada das boas. A música abaixo, Code of the Road, abre o cd mais recente dos caras, Never too Loud.



The Invisibles

Tem gente que não gosta de bandas brasileiras que cantam em inglês, mas esses caras do Rio de Janeiro faziam isso com muita competência. Já tocaram ao lado de gente como Samiam e Sepultura. A banda não existe mais, mas o vocalista Fábio tem outro projeto, o Driving Music, que chega a lembrar o The Invisibles. As duas são ótimas, vale a pena escutar: Abaixo, The Invisibles com One Last Song About Summer.




Essas são alguns exemplos de excelentes bandas que circulam na cena rock nacional e internacional hoje. Daria para colocar mais umas vinte fácil ai, mas fica para uma próxima ocasião. O NovaVitrola tinha uma seção chamada Vitrola no Talo, com algumas dicas de bandas, basta digitar Vitrola no Talo ali na busca e conferir!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Jujubas, gel e “róque em rou”


O rock n roll sempre foi sinônimo de insatisfação, diversão, rebeldia. O rock, além de ser o segmento musical que tem mais envolvimento social do que qualquer outro, também sempre foi o grito de indignação de gerações e mais gerações de jovens. Se traçarmos uma linha do tempo, veremos grandes movimentos de contestação calcados no rock e em suas mais variadas vertentes. Desde Elvis Presley, passando pelos anos 1960 de Bob Dylan, o auge dos Rolling Stones nas décadas de 1970 e 1980, o punk rock que chocou o mundo até mais recentemente o grunge de Seattle.

Nem todos esses movimentos tinham preocupações sociais e políticas, mas todos incentivavam o jovem a de alguma forma escancarar sua indignação, questionar. Era uma maneira de desenvolver o senso crítico, e as grandes bandas de rock sempre transmitiram mensagens, não só por meio de sua música, mas também por meio de suas atitudes, seu vocabulário, suas visões de mundo ou simplesmente seu modo de se vestir.

Quem é da geração dos anos 1950, 1960 e 1970 tem muita história pra contar, são pessoas que foram contemporâneas de Rolling Stones, Beatles, The Clash, Led Zeppelin e de festivais como Woodstock. Quem viveu sua juventude durante os anos 1980 e 1990 viveu a época de Nirvana, de IRA!, Plebe Rude, Legião Urbana. E a geração de hoje? Que histórias vão contar para seus filhos? De quais bandas vão se lembrar, e dizer lá na frente “tal banda, tal música, mudou minha vida”.

Uma olhada na cena rock, não só a brasileira como também a mundial, nos mostra um cenário realmente diferente em se tratando de rock. Alguns conceitos mudaram bastante. Hoje em dia é raro ver bandas, principalmente as que estão começando, com proposta e letras de cunho político. O que vemos em grande quantidade são bandas com letras vazias, normalmente se lamentando pela garota que se foi, riffs e acordes pra lá de parecidos, integrantes com cabelos milimetricamente desarrumados. Não há preocupação social, não há mais polêmica, não há mais aquele impacto que muitas bandas de rock causaram nas décadas passadas.

Até o comportamento dos músicos e fãs mudaram. Os rockstars de hoje não causam polêmica, são os bons moços do rock, são os genros que todas as mães sonharam para suas filhas. Nada contra, isso pode ser uma “nova tendência”, porque não? Mas isso é rock n roll, como muitos gostam de dizer que é? O modo como as bandas e os fãs se vestem, inclusive, é para tentar passar a idéia de que “eu sou desleixado, eu ando de qualquer jeito, eu faço meu estilo”. Seria, se esses jovens não passassem três horas em frente ao espelho desgrenhando os cabelos e entupindo-o de gel para deixá-lo “desarrumado”, não escolhessem a dedo suas camisetas e bonés de grife. É uma espécie de comercialização de uma idéia. Os jovens se vestem assim por acreditarem que isso é causar impacto, é ser diferente, sem notarem que isso virou um padrão que os tornam todos iguais.


Tudo bem, até certo ponto é normal essa preocupação com a imagem. Nos anos 1970/1980 tivemos a expansão do chamado glam rock (ou glitter rock), onde as bandas se maquiavam e vestiam roupas extravagantes. Mas era algo para chocar, chamar a atenção e romper com certos padrões. Era até usado como um trunfo comercial em alguns casos, mas a intenção não era, de forma nenhuma, se vestir desse ou daquele jeito porque era a tendência ou a moda da época. É absolutamente normal também que quem tem uma banda queira se aproveitar disso para se aproximar do público feminino, essa é, inclusive, uma marca registrada de muitas estrelas do rock: o relacionamento, quase sempre conturbado, com belas mulheres. Mas se antes ser um rockstar era ser encrenqueiro, rude, não dar atenção nem ouvidos para ninguém, se vestir de maneira diferente, hoje em dia a tendência é ser bom moço, ter um rosto angelical e cantar versos melosos.


É interessante observar que bandas desse tipo são as que mais fazem sucesso hoje em dia, e, se isso acontece, é porque existe público pra esse tipo de som. Estaria a juventude, em pleno século 21, mais conservadora? Os anos 1960 foram marcados pelos grandes movimentos jovens, enquanto hoje em dia a maioria dos jovens se contenta com músicas e bandas geradas a partir de uma fórmula, feitas para vender, para parecer “cool”.

Grandes bandas de rock surgiram cantando o mundo que as rodeava, e todo o seu contexto na época. Criticando, debochando, analisando ou simplesmente relatando aquilo que acontecia. A indústria musical sempre trabalhou com tendências, o que é óbvio, já que se trata de um mercado. Mas hoje em dia, a impressão que dá é que essa característica se acentuou. O que as bandas tem a dizer fica em segundo plano, não importa o quão boa ela seja, se a sua proposta não for a “tendência do mercado no momento”. Em determinada época, a tendência é falar de amores que não deram certo, em outra é lançar bandas com os integrantes que parecem bonecos de ação dentro da caixa, em outra, bandas pseudo-rebeldes.

Não há mais a preocupação da maioria das bandas em fazer da sua música uma forma de protesto ou mesmo um meio para passar uma mensagem com conteúdo para seu público, algo que acrescente algo na vida dele ou que desperte seu interesse para outras coisas. Em parte, porque também não há interesse de grande parte da indústria fonográfica em promover bandas assim. São as tais das tendências, que pautam essas escolhas. E enquanto existir público para esse tipo de música, essa tendência prosseguirá. Essa é a grande frustração. Ver como a maioria dos jovens de hoje se entregam a esse tipo de música inócua, descartável, enlatada, sem nada a dizer.


A questão não é dizer que essas novas bandas e seus fãs estão errados ou certos. Existem milhares de segmentos, estilos e vertentes de todo tipo de música. A questão é dizer que essas bandas fazem rock n’ roll, que têm atitude, que fazem algo realmente bom, novo e impactante. Quem viveu as décadas citadas acima deve ter náuseas ao ouvir o “rock” que é feito hoje. Para a maioria dos jovens, as “grandes bandas” do momento são NX Zero, Jonas Brothers, My Chemical Romance, Cine e outras do mesmo tipo que lotam estádios e arenas. Resta saber se elas são apenas as bandas do momento, ou se vão ser definitivamente as bandas símbolos de uma geração.

Nota do blogueiro: Sim, o texto está num formato bem maior para um blog, mas eu o escrevi para uma revista digital há um tempo, e resolvi republica-lo neste espaço agora, com novos links. Se você chegou até aqui, parabéns pela coragem, e espero que tenha gostado da leitura.


domingo, 3 de janeiro de 2010

Desaprendendo a sonhar igual


O mundo está muito chato, ninguém quer mais arriscar, as pessoas têm medo daquilo que não conhecem, têm medo de dar a cara a tapa. A minha geração principalmente. Vejo gente que fez o colegial comigo estudando para passar em concursos públicos, pra garantir ótimos empregos mesmo que eles não lhe digam nada.

Tudo isso com o argumento que é preciso garantir logo seus respectivos futuros. Simplesmente esquecem de viver o presente buscando esse futuro. Mas o que há de bom nele? Casar, ter filhos, um carro bacana na garagem, status, uma família como nos comerciais de margarina, um bom emprego? E o que mais? Esse é o sonho médio, é o sonho que 98% da população tem. E o que mais? O que mais esses caras almejam para as suas vidas?

As vezes, o preço que se paga no presente é muito alto para garantir esse futuro que a sociedade julga ideal para seus jovens. Não importa se você não tem nada na cabeça, se você não tiver um pingo de caráter; se te derem um terno e te colocarem para bater carimbo o dia todo, você será visto como uma boa pessoa.

O cara que casou, teve filhos, um carro bacana na garagem, status, uma família como nos comerciais de margarina e um bom emprego, pode até se sentir feliz, mas dificilmente ele conheceu a entrega que é desafiar o mundo por um amor impossível, mover montanhas em nome de meia hora com uma pessoa, gastar o que não tem para viajar kilômetros ou para fazer uma surpresa. Ou a satisfação de levar um projeto pioneiro no qual ninguém acreditava pra frente, ou ainda uma viagem mal planejada com amigos, que acaba sendo inesquecível exatamente por ter sido mal planejada.

Lá na frente, como vão lembrar de você? Ou melhor, como você vai se ver ao se olhar no espelho? Vai sentir orgulho das coisas que fez? As coisas que você faz marcam a sua existência e, principalmente, deixam marcas naqueles que passam pelo seu caminho.

São essas pequenas loucuras que a gente faz , principalmente quando somos novos, que nos fazem sentir vivos. A coragem de ir buscar algo quando ninguém acreditava que fosse possível, de fazer algo dar certo quando o mundo todo dizia que não daria.

É inegável que a gente muda conforme os anos passam, a vida como um todo muda. Quando você acordar amanhã, já não será um dia igual ao de ontem. Mas o importante é manter suas raízes e seus sonhos, sem deixar que os outros sonhem por você. Quando você envelhecer, vai ter histórias o bastante que te orgulhem para contar para os mais novos? Ou vai ser o cara que chegou aos 30, numa ótima condição, mas morto por dentro?



sábado, 2 de janeiro de 2010

Despedida em Las Vegas - Leaving Las Vegas

Insônia e tv a cabo é uma combinação que as vezes rende bons momentos inesperados. Numa dessas madrugadas insones, zapeando os canais no controle remoto, me deparei com o filme Despedida em Las Vegas, com Nicolas Cage e Elizabeth Shue.

Dirigido por Mike Figgis, o filme se utiliza da matéria bruta mais antiga do cinema: o amor e suas idas e vindas. Sim, Despedida em Las Vegas pode ser visto como um romance, mas não tem absolutamente nada a ver com as comédias românticas clichês que saem a rodo todo mês. Esqueça os casais perfeitos e os amores impossíveis dos contos de fadas.

Despedida em Las Vegas retrata o lado, digamos, menos glamouroso, menos nobre do amor. Mas conta uma história de companheirismo e aceitação incondicional entre duas pessoas que aparentemente estão no fundo do poço e não tem condições ou vontade de sair de lá. Sem fantasias, de uma maneira bem real e até cruel na maior parte do filme.

Vamos a história: o roteirista Ben Sanderson (Nicolas Cage, no papel que lhe rendeu o Oscar de melhor ator) é um alcoolotra que entra num processo irreversível de autodestruição e ve sua vida ruir; ele perde o emprego, a vontade de viver e resolve se mudar para Las Vegas com o intuito de beber até morrer. Lá ele conhece a prostituta Sera (Elizabeth Shue), que sofre com a violência de seu cafetão.

Ben e Sera acabam indo morar juntos, mas aceitando a condição um do outro. Ela aceita que ele é um alcootra numa situação irreversível, e ele aceita o modo dela de ganhar a vida. Num dos muitos diálogos marcantes do filme, ao ser convidado por Sera para morar com ela, Ben disse que tudo bem, desde que ela o aceite como ele é, ou seja, um sujeito num processo de destruição sem volta. Ela aceita.

O filme narra uma história de amor às avessas, sem nenhum glamour, que tinha tudo para dar errado; a prostituta e o alcoolotra, se entendem, se aceitam, e ajudam um ao outro. Ben passa todo o filme se embriagando, não dando o menor sinal de redenção, apesar dos esforços de Sera.

É um filme que vale muito a pena, uma ótima reflexão. Esqueça o mundo perfeito e os casais dos outdors, dos filmecos românticos e das capas de revista. O amor de Ben e Sera não tem nada de glamour, mas nem por isso é menos belo ou intenso que os demais.

Despedida em Las Vegas (Leaving Las Vegas, EUA, 1995)
Direção: Mike Figgis
Elenco: Nicolas Cage, Elisabeth Shue, Julian Sands, Richard Lewis
Duração: 111 minutos
Estúdio: Initial Productions / Lumière Pictures
Roteiro: Mike Figgis, baseado em livro de John O'Brien


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Vivendo por dias melhores

"Fim de ano já acabou, vamos viver..." A música do Fistt (Continuar, do cd Como fazer Inimigos) ilustra perfeitamente o que é o final do ano para a maioria das pessoas. A gente para, faz um balanço do ano que está terminando, traça planos e metas, faz promessas. Se vamos realizar ou não, já é outra história. Mas o fato é que as duas semanas do ano são destinadas a isso, refletir, pensar, tentar melhorar.

Hoje, primeiro dia de 2010, essa fase já passou; natal já foi, 2009 já ficou no passado, a ressaca já foi embora, as cervejas acabaram, parentes voltaram para as suas casas. Nos resta então a realidade que nos cerca durante todo o ano, aquela que a gente deixa de lado na época das festas. Hora de encara-la de novo, colocar os planos em prática, batalhar pra melhorar aquilo que não está nos deixando contente.

Que venha 2010, hora de deixar coisas ruins pra trás, tirar lições das frustrações; é hora de viver por dias melhores.