segunda-feira, 9 de abril de 2012

As músicas da sua vida

Estar presente num show de uma banda que você gosta muito é algo único, principalmente se você é viciado em música e faz dela parte da sua vida. A sensação de estar ali presente, cantando os sons que você cansou de ouvir quando estava triste, feliz, dirigindo ou com aquela pessoa especial é única.

Não importa se é um festival mainstream como o Lollapalooza, o Rock in Rio ou se é um bar com 10 pessoas que colaram no som. Tudo depende do que te motiva a ir até lá, cantar feito um doido, conhecer pessoas que estão ali pelo mesmo motivo que você.

Tenho umas cinco ou seis bandas que significam muito pra mim, caras que eu escuto há coisa de 10 anos ou mais. O Foo Fighters é uma dessas bandas.


O FF pode ser dividido em duas fases: até o terceiro disco, There is Nothing Left to Lose, era apenas uma banda promissora. Tanto que tocou no Rock in Rio 3, em 2001, como uma atração secundária. Após esse disco, Dave Grohl e companhia ganharam o status de super banda, emplacando durante os últimos 10 anos discos de sucesso e hits como Times Like These, All My Life, Best of You,Walk, Wheels. Assim, também é normal que os fãs da banda sejam divididos entre essas duas fases.

Mas, deixando de lado a chata discussão de "fã velho" x "fã antigo", estar num show que você esperou anos para colar é algo único. A cada som, um pedaço da sua vida passa pela sua cabeça. Durante aquelas horas, você relembra histórias, lembra de trechos que talvez tenham ajudado a mudar a sua história, a tomar uma decisão difícil, pequenos versos que dizem o que você não conseguiria em mil palavras.

Eu cresci ouvindo Foo Fighters, e foi assim que me senti no show deles. Tenho os 3 primeiros cds. Cd mesmo, aquela coisa redonda e espelhada que hoje está tão ultrapassada. Ganhei quando era moleque, entre o final dos anos 90 e o início desse século e guardo até hoje com carinho aqui.

Particularmente, fiquei sem reação quando rolou Hey Johnny Park!, um som um tanto quanto desconhecido deles perto de outros mega hits da banda, e que raramente entra no set list. Um som que significa muito pra mim. Não esperava, cantei a plenos pulmões, como já fiz tantas outras vezes nos últimos anos, sozinho no meu quarto ou dirigindo de volta pra casa numa noite gelada.

Não sou fã de festivais como o Lollapalooza. O preço é alto, a organização e logística nem sempre são bem planejadas e o fã que ama música e as bandas que vão tocar acaba tendo que pagar uma conta injusta. Quase R$ 10 numa cerveja quente e num hambúrguer industrializado ou R$ 100 numa corrida de táxi que normalmente custaria, sei lá, R$ 30.

Ok, o fã fará isso com um sorriso no rosto, afinal, ele está ali realizando um sonho. Mas que não deveria ser assim, isso não deveria.

Vi muitas discussões sobre isso nos últimos dias. Sobre o lance de pagar R$ 300 num mega evento e não pagar R$ 10 para ver uma banda iniciante. Concordo que apoiar a cena local da sua cidade e incentivar bandas que estão começando é super importante, mas também não vejo crime em colar num Lollapalooza da vida, se a banda que significa muito pra você for tocar lá.

Fiquei em êxtase no show do Foo Fighters como já fiquei em shows de outras bandas que me dizem muito onde tinham até menos de 10 pessoas na plateia.

De novo: acho que tudo depende do que te motiva a sair de casa e ir enfrentar a multidão no festival mainstream ou uma noite fria com uns trocados no bolso para ver uma banda num PUB distante: o motivo é paixão, é estar ali, olhar pra banda e pensar "esses caras me influenciaram pra caralho", e não simplesmente colar no rolê por que ele está na mídia e por que "todo mundo vai, então eu tenho que ir também".

Sempre vai ter em algum canto alguém cantando aqueles versos que marcaram a sua vida em algum momento. Apenas vá até lá e curta tudo o que puder.

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