sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pouca vergonha no Senado


Todos devem estar acompanhando a crise no senado. Reparem que quanto mais se investiga, mais sujeira aparece. Começou com os atos secretos, depois descobriu-se contas secretas, depois bens de R$ 4 milhões não declarados. Em meio a tudo isso, o presidente do senado, José Sarney (PMDB - AL), insiste em dar desculpas esparrafadas, explicações frágeis. Um garoto de quatro anos que aprontou na escola é capaz de inventar desculpas melhores.

O que mais está por vir? Ninguém sabe, mas tenha certeza que se ir mais fundo com qualquer investigação, mais coisa podre vai aparecer. E o governo está fazendo o que a respeito disso? Nada, como sempre. É conversinha pra cá, é declaração pra lá é promessa acolá. Enquanto o presidente faz média com a conquista do título da Copa do Brasil pelo time do coração dele eu e você estamos pagando o salário dos mordomos dos senadores e seus parentes.

Mas sabe o que é mais absurdo? Que as providências a serem tomadas estão na dependência de jogos políticos! Em primeiro lugar vêm as alianças políticas. Então, pra eliminar o câncer do senado, é necessário primeiro negociar com outros partidos, consultar os aliados, ver se ninguém vai perder uma aliança para as próximas eleições. As alianças políticas ditam que providências vão ser tomadas! Não importa quantos bens o presidente do senado ocultou, quantos atos secretos foram feitos. O que importa são as consequências que uma possível atitude (mesmo que necessária, como é o caso), vai causar. Então se fazer a coisa certa for custar uma aliança política, é simples: não faça nada! Deixe tudo como está!

O que estamos assistindo é uma total falta de respeito. Em primeiro lugar, não vamos fazer nada que prejudique nossas alianças, e depois veremos que contas vamos prestar ao povo. Tudo errado. O PT é refém do PMDB, partido de Sarney, que já disse que se o mesmo for pressionado a deixar cargo, não mais apoiará o PT. E o PT precisa do PMDB para eleger Dilma Roussef em 2010. Dilma que por sua vez já deu declarações a favor de Sarney, temendo perder o apoio. Dá pra acreditar nisso? Está tudo provado, e ninguém quer fazer a coisa certa simplesmente porque não quer ver seu poder diminuido.

Pelo menos uma vez na vida o governo deveria tomar uma decisão sem levar em conta as alianças políticas. Mas, infelizmente, é como me disse o Noblat no twitter hoje mais cedo: Esqueça. Isso jamais acontecerá.

E viva a política brasileira.Justificar

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Uma banda que cresceu


Quem se lembra do Green Day dos anos 90?

O som com letras irreverentes e sarcásticas deu lugar a uma postura engajada e letras críticas. Foi uma mudança corajosa da banda, já que muitos fãs poderiam ficar incomodados com a nova postura que os caras resolveram seguir. Mas afinal, isso quer dizer que a banda ficou pior?

Não, quer dizer apenas que seus integrantes amadureceram, e consequentemente a postura e ideais da banda também. O "cresceu" ali do título não é em termos de qualidade, já que os caras, mesmo com a mudança, mantiveram o alto nível de suas canções, mas sim em termos de amadurecimento mesmo. O Green Day não mudou a sua sonoridade, mudou apenas a sua proposta, deu mais ênfase a sua vêia crítica.

Essa mudança veio com o cd American Idiot, de 2004, um álbum conceitual que bate forte no governo Bush. As letras descontraídas de Dookie, album que alçou a carreira dos caras definitivamente ao sucesso, deram lugar a críticas pesadas ao american way of life.

No novo trabalho, 21st Century Breakdown, a banda continua com o tom crítico do cd anterior. Alguns fãs mais antigos torcem o nariz para o som que o GD faz hoje. Quem nunca encontrou aquele cara que diz: "eu gosto do som deles das antigas". Mas o fato é que esse amadurecimento pode ser muito bom para uma banda depois de muito tempo de estrada.

É estranho (e em alguns casos constrangedor) quando você vê bandas que já não têm aquele apelo jovem se comportando como tal. Também são poucas as bandas que tem um público fiel o bastante para passar vinte, trinta anos tocando o mesmo set list e lançando discos com a mesma fórmula há décadas. Apenas bandas como o Kiss ou o AC/DC conseguem fazer isso sem desagradar seu público porque a maioria dele é formado por pessoas de outras gerações. A geração de hoje é a geração MTV, a geração que tem acesso muito fácil à informação e acaba não retendo nada, pois sempre acha uma ou outra novidade num simples click.

Se é verdade que hoje as bandas têm que procurar meios para não soarem repetitivas e cairem no esquecimento, também é verdade que são raras as que conseguem se reiventar sem perder seu público e sem diminuir a qualidade de sua música.

O Green Day não mudou por exigências do mercado, mas sim por pura opção, o que é mais louvável ainda. Resolveram usar sua música para expressar sua indignação, e fez isso mantendo a alta qualidade de seu trabalho. Ponto para Billie Joe e sua turma.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O homem por trás de 300 e Watchmen


Há uma nova geração de diretores mostrando as caras em Hollywood. Gente como o mexicano Alejandro González Inárritu (Amores Brutos, Babel) tem trazido novas idéias para a meca do cinema. Quem tem se destacado também é o norte-americano Zack Snyder, que começou sua carreira como diretor de video-clipes e peças publicitárias. Em 2004, Snyder resolveu migrar para o cinema, começando uma carreira que está em franco crescimento.

Seu primeiro trabalho foi de grande responsabilidade; refilmar o clássico do cinema B americano Despertar dos Mortos, do mestre do gênero George A. Romero. Responsabilidade sim, pois as tentativas anteriores de Hollywood de refilmar Romero haviam se revelado um fracasso (excessão feita à Extermínio, outra produção recente sobre mortos-vivos). A versão de Zack Snyder, chamada Madrugada dos Mortos, foi um sucesso de público e crítica. Snyder soube dar ao filme uma narrativa ágil, aliada a um visual bastante moderno e boas sacadas.

Mas foi em seu segundo trabalho que o diretor ganhou destaque de vez. Ele assina a direção da adaptação para o cinema da clássica graphic novel de Frank Miller, 300 - Os 300 de Esparta. O filme trouxe uma grande inovação visual, cada enquedramento parece tirado diretamente das páginas da obra original. O enredo também foi seguido à risca, o que agradou os fãs mais antigos. A presença de Frank Miller na produção do filme também ajudou para que o resultado fosse o mais fiel possível à obra original. O sucesso do filme foi tão grande, que já se fala na imprensa em uma continuação para a saga.

Com a boa reputação que conquistou com esses dois filmes e com seu trabalho em alta, Zack Snyder aceitou um grande desafio. Adaptar para os cinemas outro clássico do mundo dos quadrinhos: Watchmen, de Alan Moore. Era um grande desafio pois o universo de Watchmen é totalmente denso, e, segundo a maioria dos fãs, impossível de ser adaptado em outra mídia como o cinema (opinião esta do próprio Alan Moore, famoso por ser radicalmente contra adaptações de obras dos quadrinhos para o cinema).

A Nova Vitrola ainda não assistiu Watchmen, mas a julgar pelas críticas que o filme recbeu desde o lançamento, Zack Snyder parece que acertou a mão novamente. Apesar de ter dividido a crítica e o público, o filme mantém, dentro do possível, a atmosfera sombria dos quadrinhos. O próprio Alan Moore, histórico turrão, disse que, apesar de reprovar o filme, o roteiro (que ele chegou a ler, por insistência de Snyder), era o mais próximo que se podia chegar da obra original.

Recentemente, Zack Snyder comentou para o site Omelete seus próximos trabalhos: fique de olho nesse nome.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A síndrome das autoridades brasileiras


As autoridades brasileiras sofrem de uma síndrome. É a síndrome de querer mostrar para os outros países que o Brasil "é capaz"; capaz disso, capaz daquilo, capaz de fazer aquilo outro.

As vésperas do pan-americano de 2007, que aconteceu no Rio de Janeiro, os organizadores não se cansavam de dizer "nós vamos mostrar ao mundo que o Brasil é capaz de organizar um evento desse porte." Agora, conforme a Copa de 2014 se aproxima, essa síndrome ataca de novo. É só ligar a tv ou abrir um jornal e pronto, lá estão as declarações: "O Brasil vai mostrar que pode reformar seus estádios no prazo", "vai mostrar que o povo brasileiro pode organizar uma Copa".

Ora, o Brasil não tem que provar nada aos comissários da FIFA, à imprensa internacional ou a quem quer seja. O Brasil tem que provar algo ao seu povo. Tem que mostrar a ele que pode ser um país em crescimento, que tem condições de melhorar a vida de quem vive por aqui. Mas não, no momento todos os esforços (e dinheiro) estão voltados para a Copa de 2014 e à imagem do Brasil perante os olhos estrangeiros.

Mesmo que a copa gere alguns empregos, atraia gente para o país, movimente de certa forma a economia, é notório que o Brasil tem situações mais urgentes a resolver. Todo o dinheiro (público ou não) que será despejado para organizar uma Copa do Mundo poderia ser melhor empregado em outras áreas mais urgentes.

O próprio futebol brasileiro está falido. Os clubes nacionais sobrevivem da venda de jogadores para o exterior, poucos não atrasam salários e têm estádios com mínimas condições de receber um jogo qualquer. Torcidas organizadas vivem se pegando, tanto dentro quanto fora dos estádios, gente morre a cada grande clássico por ai, arquibancadas de estádios desabam. Os cartolas e autoridades do nosso futebol não conseguem resolver esses problemas, ficam impotentes diante deles. Antes de organizar uma Copa do Mundo por aqui, é necessário primeiro estruturar o futebol nacional.

Isso sem mencionar os outros milhares de problemas que todos os brasileiros vivem todos os dias. Antes de se preocupar em "mostrar para o mundo que o Brasil é capaz de organizar uma Copa do Mundo", ou qualquer outro evento que seja, as autoridades e governantes brasileiros deveriam mostrar para o seu povo que são capazes de cuidar do próprio país primeiro.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Diploma pra quê?


Desde que entrei na faculdade para cursar jornalismo já ouvi milhares de teorias sobre a obrigatoriedade ou não de ter diploma para exercer essa profissão. Na última semana, o Excelentíssimo Senhor Doutor Gilmar Mendes e o STF decidiram que não, não é preciso de diploma para ser jornalista.

Segundo o Exmo. Sr. Dr. Gilmar Mendes, "notícias inverídicas são grave desvio da conduta e problemas éticos que não encontram solução na formação em curso superior do profissional." Com toda a certeza, é difícil um profissional fazer bom jornalismo sem ter um bom caráter/índole. Afinal, lidar com informação é uma grande responsabilidade. Mas isso só acontece com o jornalismo? Então um magistrado envolvido em escândalos também não precisaria de diploma, já que também não conseguiria resolver suas questões de caráter na faculdade. Ou essa regra só vale para os profissionais do jornalismo?

Argumentos rasos é o que mais se ouve nesta questão desde que a decisão saiu. É inegável que existem bons profissionais já no mercado que não possuem diploma, eu mesmo leio alguns articulistas que não são jornalistas formados, e eles não deixam de ser bons por isso, da mesma forma que existe muito jornalista medíocre formado, com o diploma na mão.

A questão é que quem está no mercado, para o bem ou para o mal, já tem certa experiência. Mas e os que estão ingressando agora? Que suporte vão ter? É no curso superior que o profissional vai se aperfeiçoar, ganhar mais bagagem, conhecimento; não só nas aulas, mas também no convívio com outras pessoas, na troca de idéias. Ainda que muita gente entre numa faculdade apenas visando o diploma e nada mais, no meio do caminho algumas podem passar a se interessar mais. A faculdade funciona como um filtro, se uma pessoa não tem compromisso com a importância da profissão, ela não vai encarar quatro, cinco anos de estudo.

Da mesma forma que ter um diploma não muda o caráter de ninguém, saber o português correto e escrever bem não basta para ser jornalista, e isso só quem está no meio sabe como é. Ser crítico, curioso, ter uma boa intuição e criatividade são algumas das caracerísticas imprescindíveis para um jornalista. Como diria um professor meu, se você está numa faculdade de jornalismo só porque escreve bem, está no lugar errado.

Com essa decisão do STF, o nível da imprensa brasileira, que em muitos casos já é baixo, vai cair ainda mais. Principalmente se qualquer pessoa que sabe onde vai uma vírgula resolver lidar com informação para as massas. Se não muda caráter, curso superior, seja ele qual for, ao menos desperta a vontade de aprender mais e mais nas pessoas, principalmente nos mais jovens.

Já temos muitos profissionais que falam o que querem nos meios de comunicação; sensacionalistas, piegas, irresponsáveis que tratam informação como um produto para ter lucro, sem se importar com as consequências. Não exigir que as pessoas se preparem para exercer a profissão de jornalista é encorajar que mais pessoas desse tipo contaminem a imprensa. É encorajar que cada vez mais as pessoas com desvios de caráter e despreparadas formem opinião todos os dias.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Novos textos no A Voz do Mato

Está no ar no A Voz do Mato dois novos textos; uma resenha sobre o filme Não estou lá, cinebiografia pouco convencional da vida e carreira de Bob Dylan dirigida por Todd Haynes, e um maravilhoso artigo do professor Orivaldo Leme Biaggi sobre os clássicos álbuns da história do rock que surgiram nos anos 60.

Valeu a pena conferir!

Leia lá e comente aqui, se tiver alguma sugestão ou crítica é só mandar um e-mail para tcapodeferro@avozdomato.com.br

Me siga no Twitter para ficar a par das atualizações da Nova Vitrola e da A Voz do Mato.

sábado, 28 de março de 2009

A Voz do Mato

Depois de quase sete meses, eis que a Nova Vitrola está de volta. O longo tempo sem postar nada tem nome. A Voz do Mato. Trata-se do site sobre a cultura independente do interior paulista, projeto do meu TCC, no qual trabalhei todo o segundo semestre do ano passado.

O site está no ar, e a partir de segunda-feira terá atualizações frequentes, com artigos, resenhas de shows, filmes e discos e opinião de quem entende do assunto. Para buscar a linha editorial do site, estudei e usei bastante os princípios da contracultura. Então quem entrar lá pode esperar um ponto de vista crítico sobre diversos assuntos.

A idéia era fazer um site bem simples, fácil de navegar e de carregar, nada de parafernalhas e janelinhas pipocando na tela. Com o tempo, uns ajustes serão feitos no layout, mas nada que mude muito a identidade.

O nome A Voz do Mato é em alusão ao esteriótipo que o interior carrega. Certa vez um amigo se surpreendeu quando eu disse que gostava de música independente, e disse "mas lá no meio do mato tem dessas coisas?" É uma resposta aos que acham que interior é sinônimo apenas de vaquinhas no pasto. Existe sim um movimento independente forte, com gente que tem algo a dizer batalhando para ser ouvido.

Quem se interessar em colaborar, seja escrevendo ou estabelecendo parcerias de divulgação, é só mandar um e-mail para tcapodeferro@avozdomato.com.br, ou entrar em contato por aqui mesmo. Vejam, leiam, critiquem, mas ouça também o que A Voz do Mato tem a dizer.

Ah sim, a partir de hoje, a Nova Vitrola também volta com força total, com atualizações sobre as bizarrices (ou não) cotidianas nossas de cada dia.