quarta-feira, 1 de julho de 2009

Uma banda que cresceu


Quem se lembra do Green Day dos anos 90?

O som com letras irreverentes e sarcásticas deu lugar a uma postura engajada e letras críticas. Foi uma mudança corajosa da banda, já que muitos fãs poderiam ficar incomodados com a nova postura que os caras resolveram seguir. Mas afinal, isso quer dizer que a banda ficou pior?

Não, quer dizer apenas que seus integrantes amadureceram, e consequentemente a postura e ideais da banda também. O "cresceu" ali do título não é em termos de qualidade, já que os caras, mesmo com a mudança, mantiveram o alto nível de suas canções, mas sim em termos de amadurecimento mesmo. O Green Day não mudou a sua sonoridade, mudou apenas a sua proposta, deu mais ênfase a sua vêia crítica.

Essa mudança veio com o cd American Idiot, de 2004, um álbum conceitual que bate forte no governo Bush. As letras descontraídas de Dookie, album que alçou a carreira dos caras definitivamente ao sucesso, deram lugar a críticas pesadas ao american way of life.

No novo trabalho, 21st Century Breakdown, a banda continua com o tom crítico do cd anterior. Alguns fãs mais antigos torcem o nariz para o som que o GD faz hoje. Quem nunca encontrou aquele cara que diz: "eu gosto do som deles das antigas". Mas o fato é que esse amadurecimento pode ser muito bom para uma banda depois de muito tempo de estrada.

É estranho (e em alguns casos constrangedor) quando você vê bandas que já não têm aquele apelo jovem se comportando como tal. Também são poucas as bandas que tem um público fiel o bastante para passar vinte, trinta anos tocando o mesmo set list e lançando discos com a mesma fórmula há décadas. Apenas bandas como o Kiss ou o AC/DC conseguem fazer isso sem desagradar seu público porque a maioria dele é formado por pessoas de outras gerações. A geração de hoje é a geração MTV, a geração que tem acesso muito fácil à informação e acaba não retendo nada, pois sempre acha uma ou outra novidade num simples click.

Se é verdade que hoje as bandas têm que procurar meios para não soarem repetitivas e cairem no esquecimento, também é verdade que são raras as que conseguem se reiventar sem perder seu público e sem diminuir a qualidade de sua música.

O Green Day não mudou por exigências do mercado, mas sim por pura opção, o que é mais louvável ainda. Resolveram usar sua música para expressar sua indignação, e fez isso mantendo a alta qualidade de seu trabalho. Ponto para Billie Joe e sua turma.

2 comentários:

Daniel Silva disse...

Você tocou num ponto muito importante, caro amigo.

É constrangedor mesmo ver uma banda como o Offspring, com os seus integrantes passando dos 40 anos, fazendo o mesmo som do Smash (1994).

O Green Day mudou muito, sim, e eu adorei. Sempre foi uma das minhas bandas preferidas e o 21st Century Breakdown é, pra mim, o melhor cd dos caras.

Dá uma olhada num post que fiz sobre isso.

http://esteticamusical.blogspot.com/2009/05/o-melhor-disco-do-green-day.html

abração!

Daniel Silva disse...

ah, não falta um bukowski ali na bibliografia obrigatória? hehehe